Quando começamos a terapia renal substitutiva, não temos a exata dimensão de como as coisas acontecem. Vamos descobrindo aos poucos como é o funcionamento da máquina e como ela age no nosso organismo.
Ninguém diz que pode acontecer isso ou aquilo durante o procedimento. Parece que depois das agulhadas mergulhamos no mundo do desconhecido, até que nos libertam para a vida novamente.
Outro dia dona Maria, a mais idosa do meu box, vomitou durante a hemodiálise e achei que ela tinha passado mal por estar mais debilitada e também pela idade avançada.
E não é que aconteceu comigo também? Pode rolar com qualquer paciente, por fatores externos ou do próprio organismo.
No meu caso, como meus exames de sangue ainda estão razoáveis, o médico acha que tive reação de primeiro uso, já que havia trocado o filtro e colocado um novo na segunda-feira.
O fato é que, faltando meia hora para terminar a sessão, minha cabeça começou a doer, minha vista escureceu e me entreguei ao nefasto descarrego do meu estômago. A pressão caiu para 9 x 6 e só normalizou depois de uma dose de glicose direto na artéria da hemodiálise.
Cirurgia
Como se não bastassem as intempéries da terapia renal, agora vou ter que enfrentar uma pequena cirurgia, na próxima sexta-feira. Tem uma veia roubando o meu fluxo sanguíneo próximo da fístula e o médico vascular vai interromper esse caminho.
Quem disse que a hemodiálise dava mais qualidade de vida para os doentes renais crônicos? A partir de agora, é uma surpresa atrás da outra.
Anemia
Depois de 2 meses e meio de terapia renal, a anemia também ronda minha vida. A hemoglobina caiu e vou tomar uma injeção geladinha que, por enquanto, vai ser aplicada diretamente na mangueirinha, sem precisar furar. Dessa forma, o ferro também vai estar de volta ao meu organismo. O fósforo começou a cambalear e tenho de controlar mais a proteína na alimentaçāo.
A boa notícia é que as vitaminas do sangue estão normais. Isso abranda um pouco mais o meu coração.