Imagine a felicidade ao receber um rim novo! (Eu ainda não consigo ter essa dimensão, mas sei que ao chegar a minha vez vai ser a maior decisão que tomarei na vida).
Esse é o sentimento da familia Canaveze nesse momento. Nem bem termina o procedimento na matriarca e o novo orgão já funciona. O xixi deu o ar da graça ainda na mesa da cirurgia. Uma sensação que Maria de Lourdes não sentia há dois anos, quando começou a fazer a terapia renal.
Ela é mãe de um colega de trabalho e ele transborda alegria ao contar sobre a chegada do rim e como tudo acontece rápido, de uma hora para outra, e envolve toda a família.
Eram 3 candidatos aos 2 rins de um jovem que morreu em acidente. Maria de Lourdes, de 63 anos, ficou com o rim direito e um outro paciente com o esquerdo. A cirurgia durou 4 horas e foi tranquila.
A família tem que comemorar mesmo o sucesso da cirurgia. Histórias de transplantes que não deram certo também engordam as estatísticas. No mesmo hospital da Maria de Lourdes, uma mulher espera há 20 dias o funcionamento do novo rim. E uma jovem teve trombose na artéria pós transplante.
E viva São João! O dia desse santo vai ser sempre lembrado como o dia em que Maria de Lourdes ganhou uma nova vida
Edisom
E quando se fala em nova vida vem à tona a história de Edisom, que nos visitou hoje.
O que leva uma pessoa que fez transplante de rim a passear na clínica de hemodiálise onde passou dois anos filtrando o sangue?
Essa foi a pergunta que fiz a Edisom cuja história já contei aqui.
Ele tirou a máscara que o protege porque já se sente seguro em transitar pela clínica.
Um pouquinho mais rechonchudo no rosto, por causa dos medicamentos, ele fala que gosta de rever os antigos companheiros de diálise e conversar.
‘O medo é o principal motivo dos que
escolheram ficar na máquina o resto da vida’
Mas por atrás dessa explicação sinto que ele vem incentivar os pacientes e usa o próprio exemplo para dar esperança. Assim como ele teve êxito, outros casos também poderão ter.
O medo é o principal motivo dos que escolheram ficar na máquina o resto da vida.
Acho que faltam mais informações e divulgação sobre os acertos desse procedimento. A técnica da cirurgia é antiga. O que muda são os remédios contra a rejeição.
Imagine um objeto estranho no seu corpo e as células brigando para eliminá-lo. Segundo os especialistas, a cada ano surgem novas drogas para aumentar as defesas imunológicas e há mais acertos na dosagem dos imunossupressores.
O novo orgão representa estar livre da hemodiálise, mas não é cura. É um tratamento. Em troca, o paciente tem que obedecer a certos critérios e um deles é não deixar nunca de tomar os remédios contra a rejeição.
Muitos voltam para a terapia renal porque acham que estão bem e colocam as regras de lado. É preciso ter fé em Deus e ser muito conscientizado e focado para nada dar errado.