Escrever aqui virou um hábito na primeira hora da hemodiálise. Preenche um vazio ou qualquer ímpeto de sair correndo (rs). Parece também que os amigos estão gostando e, assim, vira um incentivo para continuar relatando histórias de vida em funçāo do rim.
Cada paciente tem um motivo diferente do outro para a perda da função renal. E são muitas particularidades entre cada um. Mas nenhum deles aqui na clínica se compara ao ex-pedreiro Arculano.
Ele é o único da clínica que tem a fístula no pé. Resultado de 18 anos de hemodiálise – talvez um dos mais antigos aqui.
Desde que descobriu a doença (rins policísticos) precisou deixar a cidade natal, em Minas, e mudou para Ribeirão Preto para fazer tratamento. Chegou a fazer uns bicos, mas não pôde seguir trabalhando. Hoje sobrevive com a ajuda dos filhos, que eram pequenos quando chegou na cidade grande.
Por que faz nos pés? Porque os braços não aguentaram. Foram 8 fístulas ao longo dos anos.
Desde o início está na fila do transplante, mas nunca foi chamado.
Aos 45 anos, Arculano nāo tem pressa. Acredita que ainda vai chegar a hora dele se libertar da máquina, mesmo que esteja de “cabelos branquinhos”. “Não pode desesperar, tudo tem seu tempo”, diz confiante e com bom humor.