Sobre as 9 verdades e 1 mentira na hemodiálise

Muita gente pode se surpreender, mas o fato de jogarem a mangueirinha no chão é a mais pura verdade. Cheguei até a questionar uma enfermeira e ela disse que sempre foi assim.

No momento em que a máquina é desligada, o filtro e as mangueiras por onde passam o sangue são colocadas em uma caixa e deixados em um tanque especial de lavagem. As duas últimas, onde ficam as agulhas, são descartadas no final e jogadas no chão, com o resto de sangue que ficou retido.

No momento em que as agulhas são retiradas, a enfermeira fica apertando a fístula para não escorrer o sangue. Por isso elas não são jogadas no lixo. Só depois de nos liberarem elas são recolhidas.

Achei q deveria ter um saquinho de plástico preso à máquina para depositar, já que não é possível ir até o lixo.

Apesar desse “deslize permitido”, meus olhos mais atentos detectam também os cuidados com a limpeza. A faxineira vive passando pano com produtos próprios para desinfetar o chão e hipoclorito de sódio.

 

Resposta
A única mentira da brincadeira que publiquei na última sexta-feira é que eu engordei 3 quilos depois que comecei a dialisar. Meu apetite melhorou sim, mas desde que comecei a terapia renal eu perdi peso ao invés de ganhar.

A outra mentira do segundo quadro eu vou escrever já já.

Antes, vou contar sobre um paciente que tem uma doença que atinge uma a cada 10 mil pessoas. É a chamada cistinúria, uma patologia de origem genética causada por um erro inato no metabolismo. Essa doença faz com que o portador tenha sucessivos cálculos renais.

E foi exatamente isso que aconteceu com o consultor financeiro José, de 65 anos.
Os pais dele eram primos-irmāos, o que levou José a ter esse transtorno genético de herança autossômica recessiva.

Dos 5 irmāos, apenas ele teve a doença até agora. E os irmāos nāo podem ser doadores, porque ainda existe a chance de desenvolverem esse tipo de patologia.

Há mais de 20 anos José teve que tirar um dos rins, porque ele estava cheio de pedras, uma delas quase do tamanho do próprio rim. Foi quando descobriu a herança genética e passou a fazer tratamento conservador.

Viveu, até 3 anos e meio atrás, com apenas um rim, que acabou pifando.

Hoje o sonho de José é ter o rim biônico, que acaba de ser anunciado. “Quero um desse pra mim”.

Sem dúvida é o sonho de todos que fazem terapia renal substitutiva.

A mentira do outro quadro, que poucos acertaram, é a frustraçāo por nāo cantar. Já participei de festival de estudantes na adolescência, mas nunca achei que era minha praia. Então não sinto a menor frustração, mas sim um alívio por não ter investido nessa carreira.