Adilson recuperou o tempo perdido entre hemodiálises

Deu a louca nas máquinas!

Imagine todos os alarmes apitando ao mesmo tempo. Um som agudo e ensurdecedor até os aparelhos serem ajustados novamente.

Um pico de energia causou esse transtorno. Foram longos 5 minutos com esse assobio estridente, que assustou quem estava dormindo. “Parece um enxame de abelhas”, diz a companheira ao lado.
Mas vamos ao melhor de hoje.

Conheci o Adilson, um livreiro de 43 anos que fez transplante de rim há 12 anos. Às vezes ele aparece na clínica, onde fez terapia renal durante 7 anos, para pegar um laudo médico. Perdeu a juventude preso à máquina e com as limitações impostas pela doença.

Mas correu atrás do tempo perdido. Depois do transplante teve uma filha, fez faculdade de filosofia e, hoje, leva uma vida normal. “Nem lembro que sou transplantado”.

Adilson teve a doença de Berger, aquela autoimune que já contei aqui e, aos 24 anos começou a dialisar. Até que os irmãos decidiram fazer o teste de compatibilidade. Deu 100% compatível com o irmão mais novo e 50% com a irmã. O irmão doou, claro.

O único resquício que sobrou dos tempos de hemodiálise foram os calombos no antebraço, que parecem bolinhas de gude (foto).

Ele fez uma única fístula durante os longos anos de terapia renal e não desligou até hoje, por decisão própria. “O médico me deu a opção de desligar, mas ela não me incomoda”.

Depois de desejar sorte na minha trajetória que está apenas começando, ligou a moto e foi embora.

Fico aqui pensando … já conheci algumas pessoas na clínica que não conseguiram êxito no transplante. Outras que aguardam na fila e outras que nem cogitam fazer o transplante. São conformadas com o problema e fazem da hemodiálise uma rotina na vida.

Que bom saber de casos que deram certo. É uma esperança que acalenta a alma.