Um curativo bem feito

Uma técnica de enfermagem de astral diferenciado, sempre sorridente, mostra a foto de como era e como ficou depois de um susto que colocou em risco os seus rins.

Pesava 15 quilos a mais e só entrou na dieta pra valer quando expeliu uma pedra do rim. “Era pequena, mas deu trabalho para sair”.

Lili ficou impressionada quando as taxas do diabetes e da função renal subiram e a possibilidade de ir para a máquina passou perto.

Logo ela, que acompanha de perto a situação dos pacientes renais da clínica.

Duas técnicas(os) cuidam de 8 pacientes por box, mas já passaram por outros boxes com outros pacientes e conhecem um pouco da história da maioria deles.

Lili já esteve no meu box e agora a vejo de longe atendendo outros pacientes. Ela trabalhou em hospital, mas acabou optando pelo trabalho na hemodiálise para ampliar a experiência.

Outras técnicas também já passaram por hospitais, UTIs e postos de saúde e acabaram optando pela rotina da hemodiálise por ser um trabalho mais tranquilo. Conhecem melhor os pacientes, conseguem conversar nos intervalos e fazem novas amizades.

Quando caímos na hemodiálise, temos que torcer para sermos cuidadas por profissionais bons e gentis. Uns tem mais delicadeza do que outros para a punção das agulhas e, no final, fazer o curativo (alguns apertam muito) e ter paciência de segurar a bolinha de gase durante alguns minutos.

Não podemos movimentar os braços para ajeitar nossos pertences para não colocar o curativo em risco, por isso nos ajudam a guardar nossas coisas na hora de ir embora.

Já tive extravazamento de sangue internamente algumas vezes, quando comecei na hemo, que é quando a regiāo próxima das agulhas fica roxa. Outras vezes tive vazamento, quando o sangue escorre fora do curativo, e precisei encarar o meu próprio sangue. Na última vez senti o calor dele escorrendo pelo braço e pingando no chão.

Ainda não tive coragem de olhar a punção das agulhas e o sangue começando a pintar de vermelho as mangueirinhas transparentes.

Quando o curativo é feito muito rápido, o sangue da arteriovenosa pode jorrar e tem que fazer outro curativo. Esse detalhe é fiscalizado de perto pelos enfermeiros chefes. Ninguém sai com o curativo vermelho. E quando isso acontece, o nome de quem fez vai para o quadro da enfermagem.

Outro dia, já em casa, minha fístula jorrou e pintou de vermelho o banheiro. Esqueci que quando isso acontece é preciso apertar o local com o dedo. Ao invés disso, coloquei uma toalha de rosto que ficou ensopada.

No final da hemodiálise, hoje, as delicadas mãos da enfermeira do início da sessão deram lugar a outras que apertaram muito meu curativo. Sinto a artéria pulsar e vou ter que afrouxar para dormir. No meio da noite acordo e retiro sem risco de vazamento.