A história de Eufêmia

Depois de 45 anos cuidando do coração dos pacientes, a médica magrinha e de cabelos curtinhos descobriu que quem estava com um grave problema de saúde era ela.

Não tinha sintomas, a não ser um mal estar que começou a se agravar nos últimos meses antes da hemodiálise. “Sentia que meu corpo estava envenenado”.

Eufêmia fez exames de sangue e descobriu que tinha anemia e as taxas da função renal estavam nas alturas. Estava com hipertrofia da uretra, uma doença incomum nas mulheres. Passou longas semanas internada tentando reverter o quadro.
Não teve jeito, acabou perdendo os dois rins.

“O médico é o pior paciente que tem”, revelou a profissional de 70 anos com aparência de mais jovem. Ela diz que até esse momento nunca teve nenhum problema de saúde e não acreditava que poderia estar doente. Antes da insuficiência renal começou um tratamento para um problema na perna e os anti-inflamatórios aceleraram a paralisação dos rins.

Tinha fraqueza e coceira nas pernas – que já eram sintomas da bexiga sobrecarregada -, mas continuava a levar uma vida normal, de muito trabalho no consultório. Trabalho que teve de abandonar por causa da dedicação exigida pela terapia renal. Há dois anos e meio está na máquina, aguardando ansiosa a chegada de um rim. Inscreveu-se na fila do Paraná por acreditar que anda mais rápido.

Este caso nos alerta sobre a necessidade de investigarmos qualquer sintoma diferente. Não é ter mania de doença, como muitos pensam, mas ficar atento, porque muitas doenças como essa da Eufêmia são silenciosas. Só se manifestam quando não tem mais tratamento.

E isso aconteceu com uma médica cardiologista que não acreditou na própria doença. Passou pelo duro procedimento de fazer hemodiálise pelo catéter no pescoço até a fístula desenvolver e hoje precisa fazer sessão extra por causa das altas taxas de fósforo. “Isso acaba com nosso corpo”.

Verdade verdadeira.