Citomegalovírus e fé

17/02/2018: dois meses depois do transplante renal.

O novo rim continua lindo, ou melhor, “bonitinho”, como disse o medico que fez o ultrassom no dia seguinte do transplante.

Está cumprindo a função renal com boa performance e me leva várias vezes ao banheiro.
Também pudera! Tomo muita água para o xixi ficar cada vez mais claro. Aos poucos a nova morada do órgão vai ficando menos sensível e consigo tocá-lo para senti-lo melhor e até conversar com ele.

Um sentimento de gratidão todos os dias quando desperto para a vida.
Eu só não contava com o vírus que se manifestou mais de um mês depois da cirurgia, causando uma luta cansativa que tirou a paz da minha recuperação.

Em nenhum momento antes do transplante os pacientes são informados das consequências, a não ser que terão de tomar remédio contra a rejeição pelo resto da vida.

De repente, na situação de baixa imunidade, eis que surge o citomegalovírus e, junto com a evolução quantitativa dos índices no sangue, um tratamento sofrível para quem não tem veia boa.

Duas vezes ao dia é preciso tomar o medicamento, até zerar o índice do chamado CMV.
De tão agredidas, minhas veias do braço direito aguentaram 14 dias de punção e pediram arrego. Ganhei vários hematomas e dores que estou cuidando com bolsa de água quente, gelo e pomada. No braço direito onde os acessos são melhores, ainda tenho a fístula e não é possível mexer.

Os profissionais da punção ficam sem opção quando os recursos se esgotam. Chegaram a furar meu pulso, um dos locais mais doloridos, que durou apenas um dia, antes que eu mesma decidisse pelo catéter temporário. A implantação foi feita em ambulatório por uma enfermeira e, dois dias depois, um médico infectologista deu dois pontinhos para firmar o catéter no meu pescoço, direto na jugular.

Agora só enfermeiras (os), e não os técnicos de enfermagem, podem ligar o soro com o potente anti-vírus. Não dói, só causa incômodo os dois caninhos de plástico pendurados, repuxando a pele.

Tenho mais dois dias pela frente para me livrar desse puxãozinho que atrapalha para dormir e tomar banho, porém o tratamento deve ajudar o novo rim a ter vida longa.

Oremos!