Magno aguarda por transplante de doador morto

Outro dia, no trabalho, ganhei um chazinho de maçã com canela, um cupcake recheado de churros e um tercinho vindo diretamente de Fátima, em Portugal. Cada um dado por de uma pessoa diferente e querida.

Enquanto estou escrevendo aqui na hemodiálise, ganho outro mimo. Uma voluntária faz um jogo de números às sextas-feiras e hoje fui sorteada com um vidrinho de colocar perfume para aromatizar ambiente.

São pequenos mimos que me fazem refletir o quanto as coisas mais simples podem tornar o dia mais caloroso.

São verdadeiros presentes, como as palavras de conforto e carinho que recebo aqui no face e a comidinha me esperando quando chego em casa, na volta da terapia renal.

Hoje, aqui na clínica, conversei com um paciente que tem uma história muito parecida com a minha. Ele herdou do pai os cistos renais e viveu até pouco mais de um ano sabendo do problema e que uma hora ia precisar de ajuda para filtrar o sangue.

Não existe tratamento para cistos, a não ser os cuidados com remédios e alimentos.

E foi o que ele fez até começar a diálise peritonial. É uma técnica que pode ser feita em casa e consiste em dialisar enquanto dormimos. O grande inconveniente é o catéter na barriga e também por ser um procedimento diário.

Dependendo do caso da insuficiência renal, podemos escolher entre a hemo na clínica, que é pelo sangue ,ou a diálise caseira, que utiliza um soro diretamente no abdomêm para limpar os rins.

Magno, um engenheiro civil de 58 anos, estava no sossego do lar quando, depois de alguns meses, foi descoberto um furinho no diafragma, por onde o líquido da diálise estava saindo. Teve que transferir o procedimento para a clínica.

A esperança dele é conseguir o rim de um doador-cadáver. Não conta com os outros 3 irmãos, que são mais velhos e ainda não tiveram problema renal. Conta apenas com a sorte e é bem racional. “Prefiro o rim de doador morto para não precisar conviver com a possibilidade do doador vivo vir a ter problemas futuros”.

Uma reflexão que temos de colocar na balança…