Mais carinho, por favor!

Imagine chegar para fazer hemodiálise com diarréia. Uma situação que pode acontecer com qualquer paciente, principalmente se estava com o intestino preso e tomou remédio para ajudar o trânsito intestinal.

Você deve estar rindo e achando que sou eu vivendo esse momento? Só que não. É um paciente que encontrei na entrada da clínica hoje, decidindo se fazia ou não hemodiálise. Uma decisão realmente difícil, pois se resolver fazer a terapia, não tem como sair correndo ligado à máquina. O resultado pode ser catastrófico.

Entre o sim e o não, o cara resolveu voltar para a casa e ficar no conforto do lar para qualquer eventualidade.

Ele reclamou que o médico, ao receitar o laxante, não lembrou dos efeitos colaterais, que podem se estender por dias. Se ele melhorar, vai ter que voltar amanhã para não ficar tantos dias sem filtrar o sangue. Do contrário, só segunda-feira, prazo para não correr nenhum risco.

Nas minhas primeiras sessões de hemo, eu sentia vontade de fazer xixi e segurava para não precisar ir ao banheiro com as agulhas no braço. Aos poucos essa vontade passou, pois agora estou urinando bem menos. E antes da sessão faço uma parada obrigatória no banheiro.

Essa agulha da foto é a que uso na diálise. Achou grossa? Tem mais grossa ainda. As minhas ainda não foram trocadas porque, por enquanto, estou dialisando bem com o tamanho 17, usado normalmente em fístulas que não se desenvolveram o suficiente. Existem agulhas de calibre bem maiores, tamanho 15, 14. Quanto menor o número, maior a agulha.

A pulsão continua sendo o momento mais tenso. Na última sessão, a picada não parava de doer e acabei ficando com um baita hematoma.

Temos que cuidar da fístula, para ela ficar boa e amadurecer? Temos sim, fazendo exercício específico. Mas também é preciso mais jeitinho para nos picar. Mais carinho, por favor!