Roberto luta várias batalhas

O inicio da hemodiálise é uma sinfonia de bipes. Essa luzinha vermelha acende e avisa que é preciso fazer ajustes na máquina.

Quando comecei, acendia muito e toda hora as enfermeiras corriam para ajustar peso, temperatura, fluxo sanguíneo, heparina, para evitar a coagulação.

Agora meu alarme só toca quando é para avisar que a sessão acabou.

No fim da sessāo passada, conheci o Roberto, 61 anos, um vendedor de produtos eletrônicos que tem uma outra luta além da do rim. O problema dele é a fístula, que insiste em não funcionar. Já está na oitava. Tem cicatrizes nos dois braços e, enquanto espera a última fístula desenvolver, faz hemodiálise por um catéter no peito.

Roberto voltou para a hemo há quase um ano. Estava feliz da vida porque o rim tinha voltado a funcionar depois de três anos de terapia renal substitutiva (olha que chique o nome que descobri para a hemodiálise).

Ele não sabe exatamente o que aconteceu com os rins, mas acha que foi a diabetes e a obesidade que contribuíram para a diminuiçāo da função renal, que chegou a 10%.
Enquanto a fístula não “pegar”, Roberto não pode entrar na fila do transplante.

E ele tem um outro desafio pela frente: perder peso.
Corre contra o tempo. Um tempo que é diferente para cada um, conforme a idade.