Estava na posição de ouvidora de histórias na recepção da clínica de hemodiálise quando me deparei com uma cena das mais miseráveis. Um moço se aproximou do bebedouro e, depois de tomar água, encontrou no lixo ao lado um picolé pela metade, que havia acabado de ser jogado por uma paciente. Ele pegou o sorvete, passou água e devorou de uma vez. Parecia ser a primeira comida do dia. “Foi um tapa na minha cara”, comentou a ex-professora Silvia, com quem eu conversava. Na época em que eu trabalhava como repórter, vi a situação de extrema pobreza nas favelas de […]